Um dossiê mais ou menos secreto....
Querido Irmão :
Muito me honra poder contribuir com a minha modesta experiência para responder essa dúvida histórica e simbólica. A questão é mesmo muito complexa e demanda algum cuidado para ser compreendida. Todo o mito do Baphomet, que acabaria por elevá-lo a categoria de demônio, como veremos, tem origem no processo dos Templários e por isso eu disse que este é um dossiê mais ou menos secreto, já que é um tema recorrente em várias ordens e grupos esotéricos.
A história dos Templários começa em 1118, em Jerusalém, sob o reinado cristão de Balduíno II, que administrava a Terra Santa conquistada pela primeira cruzada. Eis que surgem nove personagens, liderados por um certo Hugues de Payns e se prontificam a criar uma ordem de Cavalaria para proteger os peregrinos e as rotas da região, infestada de sarracenos justificadamente sedentos de vingança e de sangue cristão... Ora, Balduíno ficou encantado com a idéia e prontamente destinou aos valorosos campeões da fé um espaço no claustro do velho Templo de Salomão.
Assim, tomam o nome de Cavaleiros do Templo e, como também fazem os 3 votos monásticos de pobreza, obediência e castidade, são chamados de Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo. A Ordem é ratificada pelo Concílio de Troyes (1128), já que a Igreja havia logo percebido a importância política e militar que ela havia adquirido e que cresceria cada vez mais, impulsionada pelo combate ao Islamismo. Como detinham o domínio das rotas comerciais, logo tornaram-se uma potência à parte, tanto que não é por nada que eles são os primeiros a inventarem o cheque, ou seu ancestral.
Um irmão da Ordem que fosse viajar depositava o seu ouro numa das muitas sedes da Ordem e recebia um documento que lhe permitia resgatar a quantia em qualquer outra. Por volta de 1300 eles eram a maior potência da Europa, principalmente depois do fim do domínio cristão na Palestina, que lhes deixa entregues apenas ao ócio e a política que, como o amigo não ignora, costumam andar juntas...
Vai daí que o Rei de França, Filipe, o Belo, alia-se ao Papa Clemente V para derrubar os Templários. Primeiro ele sugere a fusão dos Templários com a Ordem dos Hospitalários, mas o Grão-Mestre da Ordem, Jacques De Molay, recusa sob o argumento de que isso enfraqueceria ambos os grupos, sendo de grave dano para o ânimo de seus cavaleiros. Em 1306 uma multidão furiosa persegue o rei para matá-lo e onde ele se abriga? Na Sede do Templo.
Essa gentileza seria fatal para eles. Cabe ressaltar que Filipe devia muito dinheiro para os Templários e o Papa, por sua vez, tinha suficientes motivos para querer o fim daquele bando de mosqueteiros petulantes e cada vez menos monásticos. O clero e as outras ordens todas murmuravam favoravelmente e só faltava um pretexto para que a engrenagem da vingança começasse a girar cada vez mais rápido.
Entra em cena um certo Esquieu de Floyran, preso por delitos imprecisos e à espera da morte, que partilha a cela com um Templário renegado que dá voz ao que todos suspeitam. O rei comunica ao Papa Clemente V, que mudou a sede da Igreja para Avignon, que em 1307 permite a abertura de um inquérito no qual os Templários serão sistematicamente torturados até que confessem tudo o que se lhes atribui: feitiçaria, idolatria, sodomia, heresia, etc. Até o fato de possuírem gatos, que trouxeram do Oriente, foi considerado prova de sua ligação suspeita com as forças das Trevas. O fato de que, no entanto, haviam tido contato com seitas, como a dos Ofitas, que adoravam a serpente, ou os Hashishins, do Velho da Montanha, está bem documentado.
De certa forma eram, sim, meio heréticos, mas não ao ponto do Satanismo ou de outros abusos da ordem divina. O fato é que Jacques De Molay é queimado em frente à Notre-Dame, em presença do Rei e do Papa, aos quais intimou a comparecer perante o Tribunal Celeste antes de um ano, o que de fato aconteceu. Dizem que o Papa, ao ouvir a profecia do Grão-Mestre, murmurou para Filipe: "-Devíamos ter lhe cortado a língua..." A Ordem foi dissolvida e seus bens adjudicados aos Hospitalários. Reza a Tradição que as cinzas do Mestre foram recolhidas por Irmãos disfarçados e que a Maçonaria tenha a sua verdadeira origem nos sobreviventes da chacina.
O Baphomet, propriamente dito, seria uma cabeça de bode ou um ídolo barbudo, de cabelos crespos, coberto de ouro e com olhos de rubis. As descrições divergem: uns dizem que era apenas uma cabeça, outros que era um ídolo inteiro, e hoje em dia os anais de demonologia o registram com bastante destaque. Mas, para mim, o Baphomet era uma entidade egregórica deles, como uma arma secreta, e era, sim, uma forma de magia, mas muito longe de ser o que foi acusado.
Na verdade, parece-me que era um ponto focal onde todos se concentravam para causar os efeitos. Parece que não deu muito certo e eles foram vencidos por demônios mais poderosos. Quando estive no Inferno não tive notícia nenhuma desse cidadão...
Espero que a nota seja útil.
Abraços do AAFF
Fonte: www.ordemnatural.com.br
.'.QQ.'.AA.'.IIr.'.
ResponderExcluirSou cavaleiro do Monte Serrate e estou presente neste blog a partir de agora
Tuts Bonus!
T.'.F.'.A:::