Alegria
paira em meu sorriso ao perceber o crescente número de “detentores da verdade”
que caminham livremente, infringindo todas as leis da sabedoria, prudência e
bom senso. Muitas são as motivações que levam as pessoas a se auto afirmarem
conhecedoras de segredos e verdades irrefutáveis: Vaidade, orgulho, DNA
(Demasiada Necessidade de Aparecer), dentre outras, mas o que mais me intriga é
certa proximidade de ideias que vejo ligando cada “verdade” à outra...
Então,
se cada pessoa afirma conhecer a verdade sobre a existência, sobre Deus, Deuses
e etc., mas ao observar atentamente percebemos divergências e incoerências em
todas as teorias, quem podemos tomar como “O Certo”???
Será
que existe um certo? Será que existe um errado? Ao meu ver, todos estão certos
e todos estão errados. Como pode isso? De modo bem simples. A verdade, em sua
totalidade e integralidade, não pode ser observada de maneira plena pelo homem,
não por merecimento ou falta dele, mas por falta de capacidade física e
espiritual para processar uma informação tão superior à pequenez humana.
Diante
de tal observação, o que fazer? Desistir de uma busca pode ser o caminho mais
prático, possibilitando ainda que o individuo escolha uma crença ou ideologia
qualquer, de maneira passiva e resignada aceite viver segundo esses princípios
e, então, viver feliz em sua ignorância. Mas para haver a luz é necessário que
haja trevas, para existir o homem covarde deve, obrigatoriamente, existir o
corajoso e desbravador. É com o espírito intrépido que o homem se desapega dos
conceitos que, de tão ordinários, se tornaram vulgares, e parte em busca de uma
ideia que traga paz e saciedade ao seu espírito. Mas essa busca nem sempre
conduzirá ao mesmo resultado que satisfez outra pessoa, qual pode estar com a
razão, então?
Certa
vez, ao ser questionado sobre isso eu refleti muito até entender que A Verdade
é algo que se assemelha à Grande Muralha da China: existe, é visível, é
palpável, mas não pode ser visualizada em sua totalidade por apenas um homem...
Eu posso me posicionar de frente para a Muralha e irei contemplar uma parte
dela. Outra pessoa posicionada próxima a mim também poderá contemplar a
Muralha, mas irá enxergar por outro ângulo, fazendo com que a sua ideia da
Muralha seja diferente da minha, mas isso não anula o que eu conheci nem o que
essa outra pessoa conheceu... Por não ter capacidade de perceber a Verdade em
sua totalidade, o homem tende a projetar informações compatíveis com o que
realmente é sabido por este para complementar as lacunas deixadas pela ausência
de uma visão mais ampla, construindo assim uma “nova muralha” utilizando uma
parte da original como referência, mas construindo o restante segundo as
informações que o individuo colheu.
Afirmar
que a minha visa sobre a Verdade é certa ou errada apenas me dá uma precisão de
50% de veracidade, uma vez que ninguém está de todo errado tampouco de todo
certo. Verdades inquestionáveis podem ser encontradas em crenças como o
cristianismo, outras no budismo e ainda no hinduísmo, xamanismo e etc, mas
também em todas essas encontramos discrepâncias que nos faz perceber que o
Todo, o Divino e a Verdade não ostentam os seus tronos sobre nenhuma delas. Uma
vez que o homem não pode ver a Verdade podemos concluir que, talvez, a
humanidade pudesse. Retomando o exemplo, se várias pessoas se posicionassem
diante da Muralha da China e cada uma apenas contribuísse com a parte que pode
perfeitamente contemplar, seria possível criar uma descrição completa da
Muralha, sendo assim, a humanidade poderia, semelhantemente, encontrar uma
descrição universal e infalível para a Verdade que tanto sondamos e buscamos,
mas existem questões que complicam a busca por tal entendimento, como
intolerância, preconceito, egocentrismo, dentre outras coisas.
Se a
humanidade não se dispõem a buscar as respostas para apaziguar a sede dos
pensadores que buscam a Verdade, cabe a cada um de nós deixar a intolerância de
lado e buscar dentre as várias fontes que dispomos o conteúdo que, somado às
nossas buscas, conquistas – possa nos deixar cada vez mais próximos da
sapiência que os espíritos desbravadores e intrépidos buscam incessantemente,
de geração em geração, de encarnação a encarnação.